quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Escuro (...)


É noite e sinto-me cansada (...) Aquelas paredes que eu construí estão a desmoronar totalmente como se já não tivessem as forças necessárias para se manterem erguidas.. É notável o escuro do meu quarto e o frio que lá faz, tento levantar-me, mas falta força e o equilibrio certo para dar um passo que seja. As luzes estão fracas, estou sozinha e não visualizo o dia incrível e ofuscante que me rodeia.. Talvez tenha optado pelo caminho errado em que a minha mente só focalizava a felicidade e com isso acabei fechada a sete chaves dentro de mim mesma. Tudo à minha volta era um mundo, um mundo encantado onde só habitavam os mais belos príncipes e princesas, onde não existia o ódio, o rancor e a mágoa.. E o que me cativava mais ali, naquele lugar eram os castelos, com muralhas à volta para que ninguém pudesse entrar e levar mais um coração sensível, simples, envergonhado e inocente * Naquele mundo era impossível a tristeza e a angústia, porque o que nos alimentava era o facto de pensar que iriamos viver assim para o resto da vida, mas não (...) De repente, vejo-me no chão, caída sem ninguém para me dar uma palavra de conforto. Aconteceu tudo, o tempo passou e não há explicação do motivo de me encontrar assim, fraca.. Hoje, deixei de tentar perceber esta vida que não passa de uma fachada, deixei de acreditar em contos de fadas que terminam em finais felizes, hoje para mim o tempo parou. Ouço uma música e esta leva-me até alguém, mas estou confusa, não sei quem és, secalhar no fundo não te conheço.. os meus olhos estão vidrados e vejo a tua imagem longe e muito desfocada. Mas (...) és tu quem me diz as palavras mágicas, é contigo que eu partilho segredos, é contigo que eu sinto o mais sincero arrepio, e além disso és tu que me fazes viajar para um sítio bem longe desta realidade tão falsa. Ainda não te vejo bem, aos poucos os meus olhos vão melhorando e as lágrimas vão secando.. já me consigo levantar, já dou os passos necessários para caminhar no interior da minha casa, as cores reais do meu quarto apareceram, a escuridão evaporou. Neste turbilhão de caminhos, vou descobrindo as pistas que me irão ajudar a desifrar qual o verdadeiro.. Em silêncio reparo no dia lá fora, continua o mesmo, lindo e incrível, as paredes que pareciam não sobreviverem mais, afinal estão firmes e prontas para o que der e vier. Graças a ti, sim, a ti que me estás a ouvir com atenção, sei que vou conseguir caminhar até ao lado de lá da porta, vou deixar que a chuva me invada a alma e vou afogar todos os meus medos (...) E aí, tu vais-me agarrar na mão, eu vou sentir o teu toque envolvente e vou saber quem és.. talvez os príncipes não tenham desaparecido, apenas esconde-se atrás de um belo sorriso * eu sabia que te amava mesmo sem antes te conhecer.